Eliot Furness Porter, fotógrafo, escritor, naturalista, químico e médico.
Nasceu em 1901 em Winnetka, Illinois, EUA.Estudou em Harvard. Por se ter licenciado em química e em medicina é, por vezes, referido como Dr Porter. De facto, após obter em 1929 o Medical Degree, deu aulas de bacteriologia e bioquímica na Escola Médica de Harvard, durante dez anos. E foi precisamente aos dez anos, quando passou umas férias na Penobscot Bay, que começou a fotografar as zonas costeiras do Maine. A partir daí só parou ao falecer em 1990.
Como era um apaixonado tanto pela fotografia como pela natureza tornou-se um verdadeiro especialista em ornitologia e na fotografia de aves. Mas também não foi por este tipo de fotografia que ficou tão conhecido. As suas fotografias de aves, como acontece com as de outros excepcionais praticantes, não fazem parte dos compêndios de história da fotografia. Apenas são incluídas em livros de aves, prática que as desqualifica face às fotografias que envolvam a figura humana (retrato, nus, moda, problemas sociais,etc.) e as paisagens. Até mesmo a flora tem, neste aspecto, um estatuto superior ao da fauna.
Só quem alguma vez fotografou aves pode dar o devido valor ao livro “Birds of North America – A Personal Selection”com texto e imagens de Eliot Porter. Uma maravilha. É certo que a fotografia daquela época, com aves a alimentarem os filhotes no ninho, está hoje condenada.Lembro que estou a falar de fotografias a cores, e que cores!!, das décadas de 40,50 e 60 do séc.XX.
No início da década de 30 Porter teve a sorte de ser apresentado a Ansel Adams e a Alfred Striglitz,duas das personalidades mais influentes no mundo da fotografia na primeira metade do séc.XX.Ao verem as suas imagens aconselharam-no a dedicar-se à fotografia a tempo inteiro.E foi o que ele fez.Em 1939 abandonou a carreira de professor em Harvard e passou o resto da vida viajando por todo o mundo a fotografar a natureza.
Em minha opinião ascendeu por mérito próprio à categoria de Mestre na fotografia de paisagens.
O seu primeiro livro só surge em 1962 quando já tinha 61 anos de idade. O sucesso alcançado com “In the Wildness is the Preservation of the World” foi de tal ordem que o Sierra Club, que o editou, a ele deve a sua reputação internacional.
Nos últimos vinte e oito anos de vida Porter escreveu mais de dez livros de fotografia. Tal como Ernst Haas foi um pioneiro na fotografia a cores conseguindo com elas as mesmas “nuances” de Ansel Adams com o preto e branco. Como era um especialista em química estabeleceu um acordo de fornecimento com a Kodak e ele próprio fazia a revelação das suas fotografias. É por isso que partilho da opinião do crítico Michael More expressa na revista View Camera (Jul/Ago e Set/Out2003): A obra de Porter tem sido subestimada ou ignorada pelos ”contemporary avand-garde critics”nas recentes antologias e revistas.
Grande parte do seu trabalho,feito com equipamento de grande formato,uma Linhof 4”x5”,pode ser visto no Amon Carter Museum, em Fort Worth, Texas.
Da análise que efectuei a um número significativo das suas imagens da natureza retirei uma observação curiosa:o céu,com raras excepções,foi sempre excluído.Um verdadeiro “truque”de Mestre.Aproveitando este pormenor,e o estilo Porter sem a grandiosidade do 4”x5”,termino com quatro imagens sob o título comum de”O céu pode esperar…”.