Archive for the ‘Moçambique’ Category

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Moçambique V | Mozambique V

15 Fevereiro, 2012

Nesta quinta edição dedicada à Ilha de Moçambique apresentamos mais duas imagens captadas em finais da década de sessenta do século passado.

Ilha de Moçambique

A primeira é da rua dos Arcos e reune três meios de transporte existentes naquela época: a viatura automóvel, a bicicleta e o riquexó. Hoje, provavelmente, este último já não existe.

Ilha de Moçambique

A segunda apresenta uma cena de uma festa já referida em edições anteriores. É evidente que o primeiro olhar é imediatamente captado pela figura da mulheraça a meio da imagem. Ao bom velho estilo de Sofia Loren, neste caso africana. Mas eu permito-me chamar a atenção para as vestes da criança que vai ao colo, naturalmente da mãe, do lado direito da imagem. O corte do vestido, as peúgas brancas e o lacinho na cabeça. Tudo de meados do século passado e tìpicamente português. Uma delícia! Uma saudade!

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Moçambique IV | Mozambique IV

31 Julho, 2011

Nesta edição apresentamos duas imagens do património arquitectónico da Ilha de Moçambique.

A primeira foi captada na chamada Contra-Costa. Enquadrada pelos ramos de uma casuarina pode ver-se a praia e o Fortim de Santo António. A construção original deste fortim começou no último quartel do século XVI. Durante os séculos XVII e XVIII ter-se-âo feito várias obras e remodelações mas só no século XIX, em 1820, foi dado como definitivamente construído. Inicialmente funcionou como importante ponto de defesa da Ilha. Depois veio a ser prisão e mais tarde asilo para velhos.

Paisagem com Fortim de Sto. António

Fortaleza da Ilha de Moçambique
(Pormenor)

Sobre a segunda imagem não tenho a certeza se faz parte da Fortaleza de S. Sebastião se da capela que lhe fica ao lado, a Capela de Nossa Senhora do Baluarte. Em qualquer caso trata-se de um pormenor lindíssimo e de alto nível artistico que revela a nossa presença naquelas paragens. Segundo notícias recentes que li na Internet grande parte das obras arquitectónica da Ilha encontra-se bastante degradada e alguma até completamente abandonada. É uma pena. Ambos os conjuntos estão, desde 1991, classificados pela UNESCO como Património Mundial.

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Moçambique III | Mozambique III

15 Janeiro, 2011

Em Moçambique I foi incluída a imagem de uma festa celebrada na Ilha de Moçambique na recepção ao então Governador da  ex-colónia. Nessa imagem de finais da década de 60 do século passado ressaltam as figuras dos chefes da igreja maometana sob uma grande faixa branca com os seguintes dizeres: “CONFRARIAS  MAHÓMETANAS  (NATIVAS) DA CIDADE DE MOÇAMBIQUE”.

Decorridos mais de quarenta anos sobre o evento estava eu longe de imaginar que ele viria a ser recordado com alegria por um dos habitantes dessa maravilhosa Ilha. Um dos chefes religiosos, o que está com uma cabaia preta, é o Sheik Abdurrazaque Jamú, figura imponente e de grande prestígio na região. Eu fui contactado pelo seu filho Haziz Jamú que ficou muito emocionado ao ver a imagem do seu falecido pai.

Como o prometido é devido aqui vai encontrar Sr. Jamú mais duas imagens do evento festivo em que numa delas o seu pai surge em pleno destaque. Poderia dar-lhe mais alegrias se o espólio fotográfico da minha permanência em Moçambique não tivesse sido quase totalmente destruído por um incêndio. Por isso é com muito gosto que divulgo estas “Relíquias”.

Até sempre.

 

 

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Moçambique II | Mozambique II

1 Maio, 2010

Faina I

Faina II

Nesta segunda edição das “Relíquias” de Moçambique podem ver-se dois pormenores da faina da pesca no Oceano Índico, na zona de Angoche (ex-Antonio Enes).

O que mais impressiona nestas praias de Moçambique é a sua extensão, a perder de vista, e a ausência de seres humanos. Podem ser percorridas de viatura com tracção às quatro rodas. São quilómetros e quilómetros de areia fina e mar calmo com água tépida.

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Moçambique I | Mozambique I

15 Fevereiro, 2010

Sob o título Máscaras de beleza apresentámos em 1 de Maio de 2009 uma imagem de Moçambique da década dos anos 60 do século passado. Dissemos que ela e outras sobreviveram a um incêndio e por serem poucas e antigas as denominamos de Relíquias. As duas imagens que se seguem fazem parte desse pequeno lote que não ultrapassa as duas dezenas.

I – Ilha de Moçambique

II – Nhica do Rovuma

Na primeira podem ver-se as entidades religiosas maometanas mais representativas da Ilha de Moçambique. A cidade estava toda engalanada para receber o Governador Geral que, se a memória não me falha, era o Dr. Rebelo de Sousa, pai do actual professor e comentador político Dr. Marcelo Rebelo de Sousa. Desta recepção salvaram-se algumas imagens que iremos apresentando mas nenhuma com o Governador.

A segunda imagem tem para mim um grande valor sentimental. Por um lado porque me faz lembrar um período difícil da minha vida. Ela foi captada num local remoto de Moçambique junto à fronteira com a Tanzania, no período de guerra 1968-1970. Por outro lado há nela aquilo a que Roland Barthes no seu célebre ensaio “A Câmara Clara”*chamou punctum. Um ponto, uma marca que surge inesperadamente. Parafraseando Barthes, “aquilo que vejo, obstinadamente” é o medalhão com a figura do então Presidente da República, o Almirante Américo Tomás. Concorde-se ou não com o nosso passado colonial, este punctum, pendurado ao pescoço de um régulo nos confins de Moçambique, marca uma época. Nas circunstâncias em que é observado este singelo medalhão revela-se um símbolo invulgar e significativo do que foi a nossa presença em África, especialmente em Moçambique, entre 1961 e 1974. Mas, na despedida, não soubemos fechar condignamente o período colonial e condenámos a um triste fim muita gente que sempre nos ajudou e arriscou a vida pela nossa causa.

* A Câmara Clara de Roland Barthes, Edições 70, Lisboa, 1998.

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Máscaras I | Masks I

1 Maio, 2009

É bem conhecido o poema de Fernando Pessoa com o título “Autopsicografia” em que na primeira quadra começa por dizer “O poeta é um fingidor”. Este poema, pela primeira vez publicado na revista Presença em 1932, foi escrito em 1 de Abril de 1931. Precisamente no dia das mentiras daquele ano.

Eu vou mais longe. Se o poeta é um fingidor, um fingidor da palavra escrita, o fotógrafo e o cineasta são os fingidores da imagem. Mas não me fico por aqui. E os políticos!? Oh,os políticos. Exímios fingidores de viva voz. Entre os melhores fingidores do gesto, da expressão e da personagem temos os artistas de teatro, os do cinema e os do circo. É a sua profissão. Bem vistas as coisas todos somos, uns mais outros menos, um pouco fingidores. Mas muitas vezes, por simulação de identidade, por vergonha, por vaidade, por receio ou por prazer lúdico, não é conveniente sê-lo de cara descoberta. É assim que aparecem as máscaras do Benin, a festa do templo de Baoan em Taipé, o carnaval de Veneza, os caretos de Pudence, etc, etc.

Mas será só o homem que é fingidor?E os outros seres?Que dizer de uma ave em roupagem nupcial?

Andaremos muito longe da verdade se dissermos que é uma máscara de sedução? E a ave adulta que para afastar um predador que se aproxima da zona do ninho emite chamamentos de sofrimento e finge estar ferida? Regra geral o fingimento nos outros seres vivos está associado a estratégias de sobrevivência. Sob este ponto de vista podemos citar a metamorfose dos insectos. Mas há exemplos mais evidentes. O bicho de conta (Armadillium vulgare) quando se lhe toca e o ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus) quando se sente em perigo enroscam-se e ficam paralisados. Estas atitudes são máscaras de defesa. O próprio homem, apesar de as ter usado com frequência nos tempos medievais, ainda as não pôs completamente de lado. As máscaras anti-gás estão sempre presentes em caso de risco de guerra química. Mesmo em tempo de paz elas podem ser vistas nos profissionais de saúde em trabalho nos blocos operatórios, nos apicultores quando tratam das suas colmeias,nas actividades em ambientes muito poluídos ou em períodos de risco de pandemia como acontece agora com a gripe mexicana.Mas das palavras passemos às imagens.

0301-mascara-de-luz

I – Máscara de luz

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II – Máscara da floresta surrealista I

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III – Máscara de beleza

Em 1974, um criminoso incêndio no sótão de uma casa devorou quase todos os meus diapositivos de sete anos de permanência em Moçambique. O incidente provocou-me um grande desânimo e levou-me a abandonar a fotografia durante vários anos. Esta última fotografia,dos anos 60 do Sec.XX, faz parte do pequeno conjunto de salvados que eu guardo como “Relíquias”.