Poseidon ou Posídon para os gregos e Neptuno para os romanos. Importante deus do Olimpo. Era o deus dos mares,dos rios,das fontes e da água doce.
Em Lisboa,no centro do Largo Dona Estefânia,há um pequeno lago com uma estátua da divindade empunhando o tridente e tendo a seus pés dois peixes com a boca aberta. Poseidon parece que tinha mau feitio e quando estava enfurecido e queria tempestades usava o tridente para bater nas águas dos mares e partir os rochedos. Mas a literatura mais acessível é omissa acerca da relação que manteve com a maioria dos seus súbditos, os peixes.
Embora não seja um praticante da fotografia subaquática seleccionei quatro imagens de seres que vivem em águas doces.
Esta é de girinos,não sei se de rã se de sapo,numa poça de água que encontrei no meio de uma estrada florestal em plena charneca ribatejana. Será possível algum destes seres ter sobrevivido com tão pouca água e com a agravante de estar poluída? Mas há outras águas, águas profundas, onde vivem tubarões e outro peixe graúdo que se alimenta do peixe miúdo. Perante condições de vida tão díspares alguém acredita que a crise é para todos?
As três imagens com peixes enquadram-se num tema que me é caro.Por isso peço que me acompanhem na seguinte analogia com o reino da Europa. A primeira representa os povos do sul.Os governos destes povos com o seu desgoverno e obedecendo a ordens do Olimpo encheram os respectivos países de gorduras balofas. Com argumentos falaciosos sobre economias de escala os países do sul foram instigados por professores celestiais a desmantelar frotas pesqueiras,a destruir olivais e vinhedos,a matar vacas para eliminar a produção excedentária de leite, a receber subsídios para manter terrenos incultos e a não produzir, etc, etc. Enfim,houve até quem fosse enaltecido por ser bom aluno. A corrupção instalou-se e nunca foi reprimida. Mentes megalónamas fizeram obras públicas faraónicas sem qualquer controlo orçamental. Esses responsáveis continuam impunes. Quase todos usam suspensórios e por isso dizem aos pobres, aos reformados e aos desempregados que para saír da crise (por eles criada com a ajuda da banca e dos paraísos fiscais) é necessário apertar os cintos.
Estes países que agora estão falidos e endividados precisam,como pão para a boca,da ajuda dos deuses da Bruxelândia. Mas este reino,onde funciona o núcleo duro do Olimpo, está agora submetido aos interesses de dois Poseidones. Um é pequenino, irrequieto e fraco dançarino. O outro mudou de sexo mas continua a usar vestes masculinas. A dupla é matriarcal.Pois este par de Poseidones que sempre prometeu um reino unido europeu quer agora, segundo dizem as más línguas, desunir a União criando um reino dos países ricos com um turbo-euro e abandonar os países pobres do sul para que estes se governem com um eurocaracol.
Se isto for verdade e vier a acontecer não tenhamos dúvida que a segunda imagem representa o reino do euro vertiginoso e a outra, a negra, a do euro baboso.
Estes novos Poseidones que com os seus tridentes fazem tremer o peixe miúdo de certo que não esperam que lhes coloquemos coroas de ramos de pinheiro como faziam aos vencedores dos antigos jogos em sua honra. Se é para viver na escuridão e na miséria como nas catacumbas nada mais resta aos degradados senão cerrarem fileiras frente aos ataques dos senhores da Bruxelândia e voltarem a usar um peixinho na lapela.
Poseidon, o verdadeiro, terá menosprezado os seus súbditos. O mesmo não aconteceu nas religiões antigas onde a imagem do peixe estava simbòlicamente associada ao amor e à fecundidade. Mais tarde, nas civilizações ocidentais, passou a ter um cunho religioso servindo como sinal de identificação e reconhecimento entre os primeiros cristãos que nesta época foram ferozmente perseguidos a mando dos senhores de Roma. Então porque escolheram como símbolo o Peixe? Porque a palavra “PEIXE” em grego é “IKHTHUS” hoje interpretada como um acrónimo de “Iésus Khristos Théos Huios Sóter” que em português significa “Jesus Cristo, filho de Deus, Salvador”.
(Este post foi escrito no passado mês de Novembro quando voltou a circular a notícia de uma “Europa a duas velocidades”)