Archive for Janeiro, 2009

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Borboletas | Butterflies

15 Janeiro, 2009

Abril de 2008, Serpa, antigo Apeadeiro do Guadiana. Noite cerrada. Já passa da meia noite. É dia 24. Junto dos carris, perto da antiga ponte ferroviária, agora desactivada,um clarão de luz intensa rasga a escuridão da noite. Quatro vultos debruçam-se sobre o que parece ser um lençol branco colocado por baixo duma lâmpada suspensa a mais de um metro de altura.

Atraídos pela luz muitos insectos esvoaçam à volta da lâmpada até que poisam inquietos no lençol.

“Um dos vultos diz: Isso que estás a dizer deve ser uma grande treta. Outro vulto acrescenta: Vê-se mesmo que estás a inventar esse nome. Um terceiro também intervém: Oh Eduardo, mas tu queres convencer-nos que sabes estes nomes todos de cor!!? Tudo dito no meio de gargalhadas e de grande atenção para uma pequena borboleta nocturna que o visado tem entre os dedos. Com um sorriso complacente afirmou: Já vos disse: Esta é a Cleonymia pectinicornis e este é o primeiro registo da sua presença em Portugal. Não tenho aqui o livro mas amanhã vou confirmar.”

Toda aquela conversa era para o fazer afinar. Todos sabiam, e sabem, que o Eduardo Marabuto, um jovem biólogo de 23 anos, é um dos nossos grandes especialistas em borboletas, sejam elas nocturnas ou diurnas. A sua capacidade para identificar borboletas, especialmente as nocturnas, cujo numero de espécies ultrapassa o milhar, é verdadeiramente notável. Não fosse a presença do Eduardo e eu,o Dinis Cortes e o Ivo Rodrigues nunca teríamos distinguido uma raridade entre as dezenas de borboletas pousadas no lençol.

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I – Cleonymia pectinicornis

Nesse mesmo dia, ainda de manhã, fui com o Eduardo procurar outra raridade, esta diurna, nos arredores de Beja. Apesar dos nossos esforços, andamos mais de uma hora em trabalho de pesquisa, só vimos um exemplar da Melitaea aetherie que, felizmente, conseguimos fotografar. O bicho é mesmo raro.

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II – Melitaea aetherie

Da parte da tarde, depois de novo encontro com o Ivo Rodrigues que nos proporcionou fotografar a Orchis laxiflora (Orquidea que em Portugal está classificada como RR, muito rara ), fomos os três ao encontro do Dinis Cortes para ver e, se possível, fotografar a Pseudophilotes abencerragus. Já imaginaram o que é fotografar num terreno pedregoso, com uma brisa leve mas permanente, um insecto irrequieto com uma envergadura de 18-22 mm (Maravalhas, 2003) e que voa em ziguezague junto ao chão e às plantas!? A situação ainda se complica mais quando se tem por hábito usar o tripé. Mas o resultado é compensador. A Dinis Cortes e ao Ivo Rodrigues os meus agradecimentos pela amizade e entusiasmo com que nos receberam e acompanharam.

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III – Pseudophilotes abencerragus

Num só dia fotografar estas três raridades não é obra do acaso. É obra de Eduardo Marabuto, um jovem com uma grande paixão pelas borboletas e cuja autoridade nesta matéria se tem vindo a impor entre os nossos especialistas de borboletas. E eles são ainda muito poucos. João Pedro Cardoso, Eduardo Marabuto, Ernestino Maravalhas, Luís Mendes, Bivar de Sousa, Patrícia Garcia Pereira (só diurnas) e Pedro Pires. Estes são os que conheço com trabalhos publicados. Marabuto está agora a preparar a sua tese de Mestrado que, como não podia deixar de ser, incide sobre uma borboleta, a Euchloe tagis. A distribuição em Portugal desta borboleta estava até há pouco tempo confinada à Serra da Arrábida e com um registo antigo na zona de Leiria. A tese de Eduardo Marabuto vai concerteza alterar esta situação. As suas notícias e fotos podem ser vistas em
http://eduardomarabutonature.blogspot.com.

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IV – Euchloe tagis

Para quem queira conhecer as nossas borboletas nocturnas sugiro uma visita ao sítio que mantem em parceria com Pedro Pires no endereço http://www.lusoborboletas.org

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Aves | Birds

14 Janeiro, 2009

A maneira mais fácil de entrar no mundo das aves é ir para o campo com os especialistas que as conhecem e que sabem quando e onde encontrá-las. Sãos os chamados Ornitólogos.No nosso país a ONGA – Organização Não Governamental para o Ambiente, especialmente vocacionada para a observação e conservação de aves é a SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo da Aves. Esta organização conta entre os seus sócios com os nossos melhores ornitólogos.

Como sou um curioso em tudo o que diz respeito à Natureza e gosto muito de fotografar aves, mas sabendo qual ou quais estou a fotografar,f iz-me sócio da SPEA há já vários anos. E sempre que posso, e me interessa, inscrevo-me nas Saídas de Campo organizadas pela SPEA. São grátis para os sócios e a preços simbólicos para os que não são sócios. O número de participantes é da ordem dos 15 e o ambiente é sempre de grande camaradagem e de muito entusiasmo perante cada observação. Eu duvido que algum médico possa receitar melhor remédio para combater o stress profissional e a vida agitada e poluída dos grandes centros urbanos.

Embora a esmagadora maioria dos guias, os tais ornitólogos, não faça desta actividade a sua profissão, eles são profundos conhecedores da nossa avifauna e da sua distribuição pelo país ao longo do ano. De memória,e  desculpem-me qualquer eventual falha, cito os nomes dos que já tive o prazer de acompanhar no campo: Luís Costa, Gonçalo Elias, João Jara, Domingos Leitão, João Ministro,V anda Miravent, Carlos Noivo, Carlos Pereira, Luís Reino e Ricardo Tomé.

De todos o que melhor conheço é o Gonçalo Elias. Um grande entusiasta das aves,com excelentes qualidades pedagógicas e já com uma carreira muito meritória na divulgação da Ornitologia em Portugal. São disso exemplo a secção sobre as aves de Portugal que vem mantendo no jornal QUERCUS Ambiente e o Portal os Observadores de Aves, sítio na web criado por sua iniciativa.

Para finalizar quero aqui deixar um registo fotográfico bastante invulgar conseguido na ultima saída da SPEA com o Gonçalo Elias em terras raianas a Sul de Vilar Formoso. A distância era grande. Os binóculos ou as teleobjectivas eram neste caso indispensáveis. Certamente todos ou quase todos viram. Foi tudo rápido, muito rápido. Eu também vi e posso provar que vi e fotografei. Aqui estamos longe da chamada “Fine Art Photography”, mas nem por isso o papel do medium é menos importante. Aqui estamos perante o “momento decisivo” de que nos falou Cartier-Bresson para os ambientes urbanos.

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I  – Cuco e Papa-figos

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II  – Cuco e Papa-figos

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III – Cuco

É muito raro, para não dizer raríssimo, conseguir reunir numa mesma fotografia dois Cucos (Cuculus canorus) e um Papa-figos ( Oriolus oriolus).

O mérito para esta observação inesquecível não é meu. Ele vai inteirinho para Gonçalo Elias que escolheu uma zona com variedade e densidade de aves acima das médias do país e também para a organização que proporciona estes eventos.

Faça-se sócio da SPEA!
É barato,faz bem à saúde e vai conhecer um mundo fascinante que até agora lhe tem passado ao lado. Inscreva-se no sítio www.spea.pt ou ligue para Tlf 213220430 e não se irá arrepender.

Obsv.:
Na segunda quinzena de Maio
terá início uma série com fotografias
de aves e insectos em voo.
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A Árvore e o Fogo (IV) | The Tree and the Fire (IV)

1 Janeiro, 2009

Conjunto de três fotografias cujas imagens simbolizam os incêndios nas florestas.

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17 – CAMINHOS DO FOGO I

Na “Caminhos do Fogo I” o fogo entra na floresta deslocando-se da direita para esquerda.O primeiro plano e o lado esquerdo apresentam-se com algum verde porque estão menos queimados.

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18 – CAMINHOS DO FOGO II

A “Caminhos do Fogo II” representa um tronco de árvore a ser “comido”pelo fogo.

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19 – CAMINHOS DO FOGO III

Por sua vez a “Caminhos do Fogo III” pretende simbolizar pedaços de árvore e folhas a caírem em chamas.