Já lá vão quase 175 anos que François Arago, físico, astrónomo e chefe da ala esquerda dos republicanos franceses fez uma comunicação à Academia das Ciências de França anunciando a construção de umas placas que conservavam a imagem óptica. A descoberta foi atribuída a Louis Jacques Daguerre. Isto passou-se em 1839 que é considerado o ano oficial da invenção da fotografia. Contudo o invento terá ocorrido em 1816 sendo seu autor Nicéphore Niepce.Logo apòs o seu nascimento oficial a fotografia foi considerada como uma cópia integral da realidade com efeitos imediatos em quase todas as actividades humanas.A fotografia era como um espelho. O que ela continha não podia sofrer contestação. Era a verdade.Mas este conceito não se manteve por muito tempo pois de imediato surgiu o retoque no processo de impressão seguido da combinação de dois negativos numa só imagem e do “soft focus”que aproximou a fotografia à pintura dando depois origem ao pictorialismo. Já no sec. XX as correntes artísticas e filosóficas como o cubismo, o dadaísmo e o surrealismo, entre outras, tiveram uma grande influência na fotografia levando muitos artistas a praticarem a fotomontagem. Reparem que eu escrevi artistas porque em muitos casos o autor da fotomagem, que pode incluir colagens, desenhos, etc., não é fotógrafo mas serve-se de fotografias de terceiros dando-lhes um enquadramento totalmente diferente do original. Começaram por ser apenas “Construtores”de imagens a partir de imagens já existentes mas muitos deles tornaram-se mesmo fotógrafos. Esta modalidade de criação artística beneficiou dos mais recentes avanços tecnológicos e chegou aos nossos dias com grande vigor e diversidade. É o caso, por exemplo, da publicidade que em muitos casos transmite a sua mensagem através da fotomontagem.
Com o advento da fotografia digital a fotografia tradicional sofreu modificações estruturais que abrangem a captação de imagens, o seu armazenamento, edição,difusão e restauração. Como diz o grande teórico e mestre na arte criativa Joan Fontcuberta a fotografia afastou-se dos conceitos do verdadeiro e do falso. Hoje assume-se que é uma ficção que oscila entre mentir bem e mentir mal.
No primeiro caso o fotógrafo ou ,numa visão mais alargada, o artista, consegue enganar o público fazendo passar por real o que é fictício. O que mente mal também tenta enganar mas não consegue.
Este novo paradigma coloca uma questão interessante. Afinal qual é o melhor artista, o que mente bem ou o que mente mal? Chegaremos à conclusão de que preferimos ser enganados?
Obsv.: Aqui está parte do divertimento. Olha bem para estas imagens. Não há nada que te chame a atenção? É tudo fotográfico? É tudo natural? Que te parece?
A 2ª parte vem já aí. Não percas.
( Continua )