Archive for Março, 2011

h1

Insectos II | Insects II

31 Março, 2011

Entre as abelhas ditas solitárias há algumas espécies que fazem ninho em orifícios que as fêmeas escavam na terra e que depois é almofadado com matéria vilosa que cortam das plantas. Outras espécies, conhecidas por cortadoras de folhas, forram o orifício com pedaços de folhas e nele irá desenvolver-se a larva que na Primavera seguinte dará vida a uma nova abelha.
No meu tempo da escola primária, vivido num meio rural, lembro-me que no Verão era habitual percorrer os valados à procura de caules espinhosos das silvas (Rubus ulmifolius), geralmente já secos, com a extremidade selada com um pequeno tampão.O caule era cortado a uns 50 cm da extremidade e depois rachado ficando como duas meias canas. Uma delas estava fragmentada em vários compartimentos contendo cada um pequeno cilindro prensado de mel ligeiramente pastoso. Esse mel era uma autêntica delícia. Agora sei que com cada um deles engolíamos o germe de uma nova abelha. Que eu saiba ninguém ficou doente mas, verdade se diga, também ninguém conseguiu criar asas. Resta-nos as asas da recordação, o que já é muito bom. Coisas de outros tempos.

Em Junho de 2008, de manhã cedo, tive a sorte de encontrar e fotografar um dormitório de abelhas solitárias de uma espécie diferente daquela que apresentei há três meses. Neste caso o suporte era uma gramínea conhecida por Bole-bole-maior (Briza máxima). Desconheço a identificação da espécie mas considero-a aparentada com a Andrena similis.

Na primeira das fotografias chamou-me a atenção a posição da abelha na parte superior. Ela está autenticamente escarranchada sobre o filamento da planta. Certamente para prevenir que uma rabanada de vento a deite da cama abaixo.

Para concluir quero referir que muitas espécies de abelhas solitárias das famílias Megachilidae e Andrenidae são polinizadoras, e quase sempre em regime de exclusividade, das orquídeas que imitam insectos, as “bee orchids”. Como foi descrito noutra ocasião a polinização é efectuada pelos machos.

Dormitório de Abelhas Solitárias

Dormitório de Abelhas Solitárias

h1

Cabo Verde II | Cape Verde II – Mindelo

15 Março, 2011

Mindelo é a capital da Ilha de São Vicente. É uma cidade cosmopolita com cerca de 65000 habitantes ou seja quase 90% de toda a população da ilha. A cidade da Praia na Ilha de Santiago é a capital política e administrativa. A cidade do Mindelo será a capital cultural. Um dos locais mais emblemáticos da cidade é o Botequim Boca de Tubarão que simboliza uma certa forma de vida.

Botequim Boca de Tubarão

Ali bem perto, do outro lado da rua,fica a réplica da nossa Torre de Belém que depois de obras de recuperação e consolidação, no âmbito da ajuda portuguesa, foi inaugurado em 7 de Julho de 2010 pelo Presidente Cavaco Silva. Dizem que virá a ser o futuro Museu do Porto Grande.

Mindelo com réplica da Torre de Belém

Um pouco mais à frente fica o Mercado do Peixe. Quando se está rodeado de água como acontece em qualquer ilha o peixe e a activividade piscatória desempenham papeis fundamentais na vida das populações. Mindelo não foge à regra.

Mercado do peixe

A baía da cidade é um local de grande beleza e as suas águas abrigadas e mansas têm profundidade suficiente para acolher navios de grande calado.Num dos lados fica o Monte Cara outrora conhecido por Monte Washington.

Monte Cara

Como diria um brasileiro, e o Mindelo tem um toque abrasileirado, por vezes não é fácil “ver o Cara”.

Monte cara com nuvem

(Continua)

h1

Graciphoto 12

10 Março, 2011

h1

A água e a luz II | The water and the light II

1 Março, 2011

Esta secção teve a sua primeira versão em 1 de Abril do ano passado. Desta vez as imagens são completamente diferentes e são daquelas que acolhem as minhas preferências.  Se estivermos perto de uma superfície líquida a céu aberto há um outro mundo junto de nós ao qual muitas vezes não damos importância ou que nem sequer notamos. É o mundo do avesso,um mundo quase duplicado do original, com imagens perturbadas pelo movimento da água,pelas alterações da luz incidente e que também varia com o local do ponto de vista.

Ao longo da história da fotografia vários fotógrafos usaram espelhos especiais para obterem imagens deturpadas, exóticas e que desafiam a lógica do movimento e das formas do mundo natural. No extremo alguns pretenderam e conseguiram atingir a abstracção. Nas margens das grandes superfícies líquidas também se conseguem idênticos resultados. Talvez por isso se chamem espelhos de água. Mas, quase sempre,espelhos especiais.

Observemos a terceira imagem abaixo. Sem legenda ninguém é capaz de identificar que foi captada na Serra da Estrela, no Covão da Ametade. É este desprendimento do lugar, da sua localização, da origem geográfica que me cativa e me leva a explorar todas as oportunidades. Esta imagem podia ser de qualquer outro lugar. É uma imagem da Terra. Na base desta interpretação está a minha tendência para a abstracção depois de percorrer por um longo período e com insistência as imagens nítidas,os retratos físicos da Natureza e dos seus agentes. Quando o mundo real começa a não satisfazer as nossas ambições estéticas dá-se a fuga para o outro, o irreal, o da ficção. E quando conseguimos estar ao mesmo tempo num e noutro e não divisamos as suas fronteiras então teremos atingido um patamar de excelência.

 

Reflexos I

Reflexos II

Reflexos III