Entre as abelhas ditas solitárias há algumas espécies que fazem ninho em orifícios que as fêmeas escavam na terra e que depois é almofadado com matéria vilosa que cortam das plantas. Outras espécies, conhecidas por cortadoras de folhas, forram o orifício com pedaços de folhas e nele irá desenvolver-se a larva que na Primavera seguinte dará vida a uma nova abelha.
No meu tempo da escola primária, vivido num meio rural, lembro-me que no Verão era habitual percorrer os valados à procura de caules espinhosos das silvas (Rubus ulmifolius), geralmente já secos, com a extremidade selada com um pequeno tampão.O caule era cortado a uns 50 cm da extremidade e depois rachado ficando como duas meias canas. Uma delas estava fragmentada em vários compartimentos contendo cada um pequeno cilindro prensado de mel ligeiramente pastoso. Esse mel era uma autêntica delícia. Agora sei que com cada um deles engolíamos o germe de uma nova abelha. Que eu saiba ninguém ficou doente mas, verdade se diga, também ninguém conseguiu criar asas. Resta-nos as asas da recordação, o que já é muito bom. Coisas de outros tempos.
Em Junho de 2008, de manhã cedo, tive a sorte de encontrar e fotografar um dormitório de abelhas solitárias de uma espécie diferente daquela que apresentei há três meses. Neste caso o suporte era uma gramínea conhecida por Bole-bole-maior (Briza máxima). Desconheço a identificação da espécie mas considero-a aparentada com a Andrena similis.
Na primeira das fotografias chamou-me a atenção a posição da abelha na parte superior. Ela está autenticamente escarranchada sobre o filamento da planta. Certamente para prevenir que uma rabanada de vento a deite da cama abaixo.
Para concluir quero referir que muitas espécies de abelhas solitárias das famílias Megachilidae e Andrenidae são polinizadoras, e quase sempre em regime de exclusividade, das orquídeas que imitam insectos, as “bee orchids”. Como foi descrito noutra ocasião a polinização é efectuada pelos machos.
Dormitório de Abelhas Solitárias
Dormitório de Abelhas Solitárias