Archive for the ‘Libélulas’ Category

h1

Libélulas I | Dragonflies I

1 Julho, 2013

Para mim, que na Primavera e no Verão quase sempre me desloco para fotografar a partir de Tramagal no concelho de Abrantes,o ano de 2010 foi o da borboleta Aporia crataegi e o de 2012 o da borboleta Brintesia circe. Estas eleições datadas são óbvias consultando o que escrevi sobre a sua presença no Ribatejo. O ano do meio, 2011, também teve uma eleição que contemplou dois insectos que gosto muito de fotografar, as libélulas. Ambas pertencem à ordem Odonata e à sub-ordem Anisoptera.

13.07.01.01 Libelula depressa

L. depressa

13.07.01.02 Libelula depressa

L. depressa

A primeira é reconhecível mesmo a longa distância dada ter um abdómen comprimido.Claro que me estou a referir à Libellula depressa pertencente à família Libellulidae. Apesar desta facilidade de reconhecimento e de ser considerada bastante comum a verdade é que foi o único ano que a vi por estas paragens. E as duas que fotografei eram ambas machos.  A primeira em 13 de Abril de 2011 na ribeira da Lamas,concelho da Chamusca, nas imediações do Casal de S.Gonçalo (UTM: ND 550658). A segunda no PASM, concelho de Constância em 13 de Maio de 2011. Das fêmeas, nem sombra.

A outra libélula pertence à família Aeshnidae. É a Aeshna mixta. Em 27 de Maio de 2011 fotografei um macho e uma fêmea na Cabeça Gorda (UTM: ND 934802) concelho de Mação. É um dos concelhos limítrofes da parte norte do Ribatejo. Os dois exemplares são imaturos. Na Internet visitei vários sítios e não encontrei uma única imagem com idêntica coloração. Suponho que isto se deve ao facto de estas libélulas na fase imatura viverem afastadas da água e nestas circunstâncias serem bastante difíceis de encontrar. Eu encontrei-as por acaso e também por acaso tinha comigo o equipamento fotográfico.
A A. mixta pode ser confundida com a Bachytron pratense. Mas os machos desta têm as asas mais pequenas, o pterostigma comprido e estreito,a base das asas anteriores arredondadas e o abdómen redondo sem qualquer estrangulamento. Além disso são muito penugentos. Por este facto os ingleses os chamam de Hairy hawker. Os machos da A. mixta também podem ser confundidos com os da A. juncea se bem que estes são maiores , o seu triângulo anal só tem duas células e não têm a marca do T amarelo em S2. Esta marca também os distingue dos machos da A. affinis cujo S2 é azul com uma máscara preta.

Aeshna mixta - macho

Aeshna mixta – macho

Aeshna mixta - fêmea

Aeshna mixta – fêmea

h1

Libelinha Erythromma lindenii | Damselfly Blue-Eye

1 Julho, 2012

 

Quem consultar um guia de libélulas já com alguns anitos (mas não são precisos muitos) não vai encontrar o zigóptero com o nome científico acima indicado. É o caso, por exemplo, do pequeno livro “Odonatos – Claves para la identificacion de la fauna extremeña, nº 4” de José Perez-Bote e Beatriz Carpi, editado em 2006, que inclui esta libelinha na família Coenagrionidae e no género Coenagrion. Era a Coenagrion lindenii ou Cercion lindenii.

Como sabemos os investigadores vão fazendo análises laboratoriais e por vezes chegam a conclusões que não confirmam conclusões anteriores. Neste caso estudos genéticos recentes revelaram que seria mais adequado a sua inclusão no género Erythromma. Por isso passou a ser a Erythromma lindenii.

É uma espécie comum no Sul e Oeste da Europa. Apesar de se estar a verificar uma lenta migração para Norte, até agora não foi detectda a sua presença na Grã-Bretanha, na Escandinávia e na Europa de Leste.Contudo a sua área de distribuição também se estende pela Ásia, Sul da Rússia e África.

Esta libelinha frequenta lagos, rios e ribeiras de correntes fracas,canais de irrigação, etc. Nas regiões do Norte voa em Julho e Agosto e nas do Sul de Março a Setembro.

O macho é fàcilmente identificado pelas suas características externas. Cabeça e abdomen azuis com manchas pretas. O 2º segmento é preenchido por uma mancha preta que se assemelha a um cálice. Nos 3º ao 6º segmentos a mancha preta tem a forma de uma lança com a extremidade alongada. Os segmentos 7º e 8º são pretos e os 9º e 10º azuis. Os apêndices anais são salientes e mais compridos que o 10º segmento. Nas asas o perostigma é pálido, alongado e pontiagudo.

A fêmea é mais difícil de identificar. Por esta e outras zazões eu gosto muito de captar imagens com o macho junto da fêmea.

Erythromma lindenii

Neste caso é um “tandem” em voo com o macho a conduzir a fêmea para um local de postura. Assim, em princípio, não há dúvida que é a fêmea da Erythromma lindenii. Gosto também desta imagem porque ambos os insectos estão completamente nítidos. Isto não é frequente.O voo ocorre quase sempre por cima do meio aquático, razante à água, mas afastado das margens.É preciso ter alguma sorte para encontrar um ponto de vista que permita fotografar quase na vertical.

As duas imagens seguintes mostram como é feita a postura.O macho segura a fêmea por trás da cabeça e batendo constantemente as asas consegue manter-se numa posição estacionária.A fêmea vai pondo os ovos na vegetação sub-aquática e quase chega a submergir por completo como se vê na última imagem.

Erythromma lindenii

Erythromma-lindenii

h1

Voos V e uma Bíblia das Aves | Flies V and a Bible of the Birds

14 Abril, 2011

Nesta quinta série de Voos apresentamos imagens de três aves de pequeno porte e de dois insectos. A primeira daquelas é o “Peneireiro-cinzento, Elanus caerulens, que também é conhecido por Águia-branca, Milhafre e Milhafre-cinzento. É um residente considerado pouco comum a comum”. Esta brevíssima informação foi retirada de um livro editado em Setembro de 2010 com a seguinte referência: “Catry, P., Costa, H., Elias, G. & Matias, R. 2010. AVES DE PORTUGAL. ORNITOLOGIA DO TERRITÓRIO CONTINENTAL. Assírio & Alvim, Lisboa. Não é um livro para levar para o campo dado o peso de 941 páginas. Mas é uma obra obrigatória em qualquer casa de quem se interesse pela ornitologia. Além de uma caracterização do Ambiente e dos Habitats de Portugal Continental é pela primeira vez apresentada ao grande público uma Breve História da Ornitologia de Portugal Continental. Depois para cada espécie, repito, para cada espécie é indicado o nome científico e os nomes vulgares seguidos da sua distribuição, habitat e abundância, biologia da reprodução, movimentos, fenologia e alimentação. Na parte final surge uma magnífica bibliografia, dados sobre a recaptura de aves anilhadas, um glossário de nomes de plantas e de animais, um glossário de topónimos e os índices remissivos de nomes vulgare e de nomes científicos.

É realmente um livro a todos os títulos notável, com um desenvolvimento pouco habitual em obras de divulgação, e que recomendo a todos os que estão ainda indecisos sobre a sua aquisição. Novas edições de um livro com estas características são sempre problemáticas ou pelo menos muito demoradas.

Aos seus autores os meus sinceros parabéns,os quais são extensivos à Assírio & Alvim que mais uma vez presta um inestimável apoio à ornitologia portuguesa.

Peneireiro-cinzento

Estorninho-preto

Borrelhos-grandes-de-coleira

Libélula Trithemis annulata

Mosca Episyrphus spc.



h1

Voos IV | Flies IV

1 Julho, 2010

Esta é a quarta série sobre aves e insectos em voo. Chamo a atenção para o Abutre-preto (Aegyius monachus) cuja população residente, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, está estimada em menos de 6 indivíduos adultos maturos sendo-lhe atribuída quanto à ameaça de extinção a classificação de “CRITICAMENTE EM PERIGO”. Esta mesma classificação é atribuída à população residente da Águia-pesqueira (Pandion haliaetus). A situação do Grifo (Gyps fulvus) é um pouco melhor, “QUASE AMEAÇADO”.

Abutre-preto

Grifo

Águia-pesqueira

Águia-pesqueira com presa

Corvos-marinhos

Casal de libélulas

h1

Libélulas – Observar e Fotografar | Dragonflies – To see and to Photograph

15 Janeiro, 2010

LIBÉLULAS | DRAGONFLIES

Observar e Fotografar – Parte II
To See and to Photograph – 2nd Part

Menos comum em Portugal é a Brachythemis leucosticta (8 e 9), de origem africana,  que segundo os especialistas tem vindo a deslocar-se de Sul para Norte devido à construção de barragens e de represas*. É uma espécie com acentuado dimorfismo sexual. Os machos adultos são inconfundíveis por serem os únicos no nosso país a terem uma grande mancha escura em cada asa .As fêmeas, apesar de menos conspícuas e de na sua maioria não terem a mancha escura nas asas, são também de grande beleza. Quando pousadas na areia são difíceis de localizar. Muitas vezes são apenas denunciadas pelo pterostigma, a mancha de cor amarela na ponta das asas.

8 – Brachythemis leucosticta

9 – Brachythemis leucosticta

É uma espécie que presta um serviço inestimável aos criadores de gado. As populações desta libélula vivem perto dos bebedouros do gado. Aí aguardam pela chegada das manadas e colocando-se ao lado dos animais caçam em voo as moscas e mosquitos que os incomodam e que são muitas vezes portadores de doenças.

Perguntar-se-á: Mas não é difícil aproximarmo-nos destes insectos para os fotografar a distâncias que por vezes não ultrapassam alguns centímetros? Umas vezes é e outras não é. Há acontecimentos e até fenómenos naturais que facilitam a aproximação.
As duas imagens seguintes são de um Anax parthenope (10 e 11) que se enrolou no fio de nylon da cana de pesca de um pescador. Para salvar o insecto foi necessário segurá-lo e cortar o fio de nylon por baixo das asas. Após a operação a libélula ficou um pouco entorpecida e foi possível colocá-la sobre um arbusto e fotografá-la durante os breves segundos em que se manteve pousada.

10 – Anax parthenope

11 – Anax parthenope

Este Anax está referenciado para Portugal tendo como limite setentrional da sua área de distribuição aproximadamente a zona de Évora**. Com o acidente atrás descrito, ocorrido no passado mês de Agosto, pode-se com segurança afirmar que já chegou à margem esquerda do rio Tejo, no concelho da Chamusca, por alturas do Castelo de Almourol. A norte do Tejo há apenas um registo da presença da espécie, mas tem mais de vinte anos e outro, recente, de 2007, na área urbana do Porto.

As libélulas têm inúmeros predadores entre os quais podemos citar as aranhas, as rãs, os sapos e as aves. As próprias libélulas, as de maior envergadura,  comem as mais pequenas.Uma das características mais marcantes destes insectos é o seu exclusivo e complexo sistema de fecundação. Esta só se concretiza na posição conhecida por roda (wheel em inglês) como a da imagem seguinte de um casal de Sympetrum fonscolombii (12).

12 – Sympetrum fonscolombii

Por vezes, encontram-se no campo libélulas presas em teias de aranha e em condições de serem fotografadas. Foi o que aconteceu com esta Calopteryx haemorrhoidalis (13), macho.

13 – Calopteryx haemorrhoidalis

Nem sempre é referido o contributo prestado pelas libélulas à sobrevivência das aves insectívoras, precisamente aquelas cujas populações têm vindo a regredir um pouco por todo o lado. Um dia, inesperadamente, um Abelharuco (14) – Merops apiaster – exibindo como troféu a sua libélula (não identificada) pousou perto do fotógrafo camuflado entre a vegetação.

14 – Abelharuco – Merops apiaster

Mas não devemos confiar no acaso. A maneira mais interessante de fotografar estes insectos é ao alvorecer de uma manhã fria de Outono. Nessa altura o insecto está paralisado pelas baixas temperaturas nocturnas e não reage à nossa aproximação. É um momento inesquecível para qualquer fotógrafo da natureza encontrar uma libélula, aqui uma Sympetrum spc.(15), coberta de gotas de orvalho e paralisada. Nesta imagem, captada numa manhã de Outubro, foram escurecidas algumas partes do fundo para salientar uma situação tão bela quanto efémera.

15 – Sympetrum spc

Por isso aqui deixamos um apelo aos interessados: Toca a levantar cedo e a pôr mãos à obra. Ah,além do equipamento fotográfico não se esqueçam do tripé, das botas de borracha e da lanterna de cabeça. Se puderem levar muita determinação e alguma paciência tanto melhor.

*  Field Guide to the Dragonflies of Britain and Europe, by Klaas-Douwe B Dijkstra.British Wildlife Publishing,2006,UK.
** LIBELLULA, Supplement 9, Atlas of the Odonata of the Mediterranean and North Africa, 2009, GdO, Bornsen, Germany.

h1

Libélulas | Dragonflies

1 Janeiro, 2010

Na edição nº 29 – 22 de Setembro a 21 de Dezembro – da revista Parques e Vida Selvagem do Parque Biológico de Gaia foi publicado um artigo do autor desta folha. Infelizmente por imperativos gráficos o artigo saíu sem várias imagens o que retirou alguma força ao texto. Vamos agora publicar a versão integral acrescentando-lhe apenas a observação indicada por uma investigadora da Universidade do Porto.

LIBÉLULAS | DRAGONFLIES

Observar e Fotografar – Parte I
To See and to Photograph – 1st Part

O sistema fotográfico digital ,quer por economia de meios,quer por facilidades técnicas,veio permitir aos fotógrafos da natureza,especialmente aos  amadores, a realização de alguns sonhos. Entre eles o da fotografia de insectos.Alterar o ISO,a sensibilidade,e seguir fotografando é uma vantagem formidável. Ainda melhor é a possibilidade de premir o disparador ,ver de imediato a imagem captada e aceitar ou corrigir os elementos fotográficos. Isto é um salto técnico extraordinário na história da fotografia da natureza. O sistema da Polaroid de certo modo já permitia isto mas nunca teve as valências técnicas necessárias a este tipo de fotografia.

Hoje pode-se fotografar tudo – ou quase tudo – sem necessidade de recorrer a equipamentos altamente especializados. Uma “bridge” (câmara que faz a ponte entre uma compacta e uma com capacidade para intermutar objectivas) com um bom zoom, é geralmente uma solução satisfatória. É que perante um alfaiate lacustre (1) – Gerris lacustris – caminhando sobre a água, uma borboleta da couve (2) – Pieris brassicae – ou uma mosca (03)  – Episyrphus spc. em voo, o segredo do sucesso fotográfico pode estar escondido na paciência, na determinação e até no acessório de três pernas, o tripé.

1 – Alfaiate lacustre – Gerris lacustris

2 – Borboleta da couve – Pieris brassicae

4 – Mosca Episyrphus spc

Muitos fotógrafos preferem os insectos mais vistosos e/ou mais raros.Nestas categorias podemos apontar o imponente Vespão (4) – Vespa crabro, –  a maior vespa da Europa – espectacular fabricante de “papel prensado” e a sempre bela e escassa Apatura ilia (5), ambos residentes e habituais visitantes do Parque Biológico de Gaia.

4 – Vespão – Vespa crabro

5 – Borboleta Apatura ilia

Mas há uma ordem de insectos que, tanto do ponto de vista científico como fotográfico, tem vindo a cativar cada vez mais adeptos. É a ordem Odonata a que pertencem as libélulas (Anisoptera) e as libelinhas (Zygoptera) que designaremos genericamente por libélulas. Embora sejam completamente inofensivas para o homem nos meios rurais chamam-lhes “Tira-olhos”.

Até agora foram registadas em Portugal 65 espécies diferentes de libélulas. Estes insectos são verdadeiros bio-indicadores tanto da qualidade da água, como do ambiente. Convém lembrar que a maior parte da sua vida ocorre em ambiente sub-aquático sob a forma de ovos e de larvas e que a poluição da água pode ser fatal para algumas espécies. Um fenómeno que os investigadores seguem com toda a atenção é o da expansão para Norte da Europa de espécies oriundas de África. Os motivos deste comportamento poderão ser complexos mas certamente não serão alheios às alterações climáticas e, em especial, ao aquecimento global.

Na nossa opinião as libélulas são tão belas como as borboletas. Veja-se,por exemplo, o inconfundível Crocothemis erythraea (6), de cor vermelha “da cabeça aos pés” ou a jovem e delicada Ischnura pumilio (07) na sua fase laranja, dita “aurantiaca”.

6 – Crocothemis erythraea

7 – Ischnura pumilio


(Continua)

h1

Voos III | Flies III

1 Outubro, 2009

Nesta terceira edição dos “Voos” apresentamos imagens de mais três espécies de aves e de uma libélula, a Brachythemis leucosticta, neste caso um macho.

09.10.01.01 Pernilongos

Pernilongos

09.10.01.02 Pernilongo

Pernilongo

09.10.01.03 Milhafres-pretos

Milhafres-pretos

09.10.01.04 Milhafre preto

Milhafre-preto

09.10.01.05 Poupa

Poupa

09.10.01.06 Libélula Brachythemis leucosticta

Libélula Brachythemis leucosticta